Reflexões sobre a inércia do pequeno burguês
Olha aí mais uma sábia contribuição do nosso grande amigo Fernando Nicácio, o famoso Boiúna. Obrigado Fernando.
A INÉRCIA DO PEQUENO BURGUÊS
Que a classe média no Brasil é heterogênea todos sabemos, é nela que se encontram os mais diversos tipos de comportamento, de ideologias e, inclusive, de posses e consumos. No momento, a sua parte mais funesta e nociva são aqueles que eu denominaria de a pequena burguesia cristã.
Pequenos são, porque não apresentam condições financeiras suficientes para alçar seus grandes sonhos inspirados na classe alta; têm grande apreço pelo seu rico dinheirinho, se vangloriam do seu trabalho penoso e da mesa farta na hora do almoço. Acreditam que os pedintes urbanos são todos preguiçosos e não trabalham porque não querem – como se o trabalhador que acordasse quatro da manhã no subúrbio longínquo para chegar ao centro as sete recebesse alguma contribuição sua.
Educados pela cartilha imoral do educandário moral cristão: ame o próximo - desde que ele compartilhe a mesma religião, ou a mesma condição social, ou a mesma cor, ou o mesmo bairro. Acreditam que a (sua) família é a benção maior dos deuses, agradecem ao (seu) alimento antes da refeição e no natal se preocupam com a fome alheia – isto lhes livra da culpa judaico-cristã após uma orgia gastronômica natalina.
Este ser, que muitas vezes se declara não cristão, que se educou em boas escolas, que cursou as faculdades públicas, que teve acesso a tudo que o poder público oferece, é um verme parasitário! È letal para a sociedade!
Esconde-se na passividade (inclusive aquela cristã – “dê a outra face...”), acha inútil brigar, está consolado com o que ele e os outros têm e o que deus e a sociedade os relegaram, não discute pra não causar a discórdia (“onde houve discórdia ...”), se abstém dos problemas sociais e políticos. E o pior: sabota qualquer protesto, mudança e atitude indignada, pois vai contra sua passividade e ao amor incondicional a paz e ao próximo... Acusa de golpista, baderneiro, desocupado, quem reage à opressão, quem se organiza, quem tenta. Não discute, mas acusa, não briga, mas acusa, não comparece, mas acusa, não se move, mas acusa, se cala, mas acusa, acusa e acusa!
Boiúna (Fernando Nicacio)
Doutorando pelo CBPF e um pequeno burguês ateu.
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