A coalizão Picareta por ironia do destino presta um bom serviço ao Governo
Na semana passada o PMDB, que constitui um dos principais partidos da coalizão politica do segundo mandato do Presidente Lula, se "rebelou" durante a votação da medida provisória que instituía a criação da Secretaria de Planeamento de Longo Prazo. Esta nova secretaria foi criada para acomodar o professor de Direito da Universidade de Harvard Mangabeira Unger.
A "rebelião" segundo noticiou a grande imprensa, ocorreu em virtude da reivindicação do PMDB por cargos em empresas estatais e em cargos de segundo escalão do governo. Atribui-se também a derrubada da medida provisória ao recente caso do Senador Renan Calheiros que teria sido abandonado pelo governo durante o escândalo envolvendo o seu nome.
O fato é que a manifestação do PMDB põe a nu mais uma vez a fragmentação política da dita coalizão governamental. A verdade é que as alianças instituídas pelo governo com os partidos da base aliada não passam de relações fisiológicas. Os partidos compõem a base governista em função dos cargos em ministérios, empresas estatais, secretarias, agências regulatórias, fundos de pensão estatal e etc.
A estruturação de governos de coalizão ganhou conotação mais representativa nas democracias parlamentares europeias. O processo de eleição dos partidos políticos implicam em governos de coalizão pautados em uma forte identificação programática. As relações políticas pressupõem uma cultura republicana de síntese em torno de bandeiras comuns.
No Brasil a deformação política ocorrida em virtude das relações coloniais escravocratas fizeram os regimes de coalizão adquirirem esta forma. A implicação óbvia é que qualquer governo de esquerda que se pavimente em uma coalizão deste tipo e que tenha o mínimo de compromisso reformador estará fadado ao fracasso fisiológico das relações políticas, e submerso em uma retórica transformadora mas sem nenhum senso objetivo.
Mas até que na semana passada a base picareta governamental ajudada pelos Democratas da ditadura prestaram um serviço útil a este governo. Eles livraram Lula e cia limitada de mais um constrangimento injustificável ao tornar Mangabeira Unger ministro de estado. O mesmo teórico que na véspera das eleições caracterizou este mesmo governo como o mais corrupto e ladrão da historia republicana do Brasil. Falou da quadrilha dos quarenta ladrões e disse que faltava o Ali Baba, ou seja o próprio Lula. Finalmente os setores conservadores do país prestaram um serviço a nação mesmo que de forma indireta.
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