segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Ali Kamel, a Globo e a nova teoria do jornalismo anti-ético: Testando hipóteses.

Neste fim de semana finalmente encontrei-me nas condições emocionais adequadas, ou seja calmo o suficiente, para ler o artigo "A grande inprensa" por Ali Kamel, publicado no O Globo do dia 07/08. Trata-se um panfleto cínico, onde o diretor executivo de jornalismo das Organizações Globo, falando em nome de seus patrões, admite que na cobertura do acidente com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pela "grande imprensa" nacional ( Organizações Globo claro! ), o fato ou a verdade factual, objeto essencial que motiva ou pelo menos deveria motivar toda atividade jornalística, foi substituido por um novo paradigma: o teste de hipóteses.
Isso mesmo senhores, leiam o texto por favor, as palavras do Sr. Kamel não deixam dúvidas: trata-se da fundamentação teórica do jornalismo cínico e anti-ético. O autor justifica a cobertura tendenciosa e equivocada, bem como as mudanças sucessivas de posicionamento da agencia na qual trabalha, argumentando que se tratava de um exercício de checar qual hipótese descreveria melhor os fatos.
Subentende-se que este "arduo" exercicio deveria resultar na "descoberta" da verdade, não? Eu mesmo respondo: que nada, conversa fiada!
Lembrem-se que no fim das contas, dentre as diversas hipóteses testadas no decorrer de semanas, nenhuma correspondeu ao que as evidências demonstraram.
Outro ponto, se a investigação continua, porque o teste de hipóteses aparentemente parou? Pouco se fala sobre isto no jornal das oito da grande imprensa... Essa pergunta acredito que só o Sr. Kamel pode nos responder!
E as hipóteses, como são escolhidas? Quais os critérios? Novamente respondo: de acordo com os mais diversos e excusos interesses. Nesta etapa, o que menos importa é a apuração da verdade factual. Vejamos o caso do acidente com o avião da TAM. Alí o critério primordial para se escolher as hipóteses era culpar e desgastar o governo federal. Agora sabe-se que duas circunstâncias principais concorreram para o acidente falha mecânica e falha de pilotagem. Nem se fala mais em grooving...
Testar hípoteses é o comportamento que se espera de jornalistas e agências sem ética profissional e sem interesse na apuração de fatos ou na informação da população. Trata-se de uma prática de abutres.
Por favor, pensem e respondam as seguintes questões:

Na imprensa escrita, na televisão, na internet...enfim, durante a cobertura do acidente, algum jornalista nos avisou que estava testando hipóteses?

Toma vergonha Ali Kamel!

***

Em tempo: De Bonner para Hommer

Ainda sobre os métodos do jornalismo da Globo, indico aos leitores o artigo "De Bonner Para Homer", Carta Capital, 5/12/05 pelo professor da USP Laurindo Lalo Leal Filho.


Um comentário:

Anônimo disse...

Diante disso tudo, o que resta aos ouvintes dos "Tele-Jornais" da tão poderosa Rede Globo senão sentirem-se verdadeiras cobaias manipuladas pela falta de ética e profissionalismo.